quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Fabiana - O início do fim

A Fabiana tinha 13 anos quando desapareceu sem deixar rasto. *

Saiu de casa no dia 5 de Abril de 2011 por volta das 19h30 para ir pedir um comprimido a uma amiga que morava na mesma rua que ela.

Fabiana nunca mais voltou e nunca mais a viram, 
diz-se.

No dia seguinte tinha marcado um teste de gravidez no centro de saúde.
Não compareceu.

(em 13 anos de vida era o segundo que marcava)

O dia a seguir ao seu desaparecimento seria uma quarta-feira mas - como Fabiana não ia à escola - nem os professores ou os colegas deram pela sua falta. Na realidade a Fabiana nem gostava da escola, por isso a mãe fizera-lhe a vontade e deixava-a ficar por casa dia após dia.

Posto isto, a adolescente passava o dia a passear-se pelas ruas, pedindo cigarros aos homens mais velhos que frequentavam o café que ficava por baixo da sua casa e metendo conversa com eles. Por eles era chamada de "maluca", graças ao facto de ter crescido sem rédeas, sem um olhar atento e um aconchego ao final da noite.

Saiu vestindo apenas uma t-shirt qualquer do seu armário, um par de calças de ganga velhas onde enfiou também o telemóvel, um casaco castanho e com peles (falsas) no capucho e umas sapatilhas vermelhas.

O mesmo par de sapatilhas vermelhas que a amiga a quem deveria ter ido pedir um comprimido diz ter visto nos pés de Fabiana no momento em que era puxada para dentro de um jipe verde... cinzento... ou azul...

(Continua...)


* Esta é uma "história" baseada em factos reais.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A vítima conformista

Passava agosto e era ali que Luís resolvera passar a sua tarde de domingo.
Ali, sentado no cantinho do café, apercebia-se do quão amarga se tinha tornado a sua vida, e isso não se devia apenas à falta de açúcar no café naquele dia.

Ali, sentado a ver o tempo passar e a controlar (embora inconscientemente) quem entrava e quem saía do café, esperava ganhar coragem para regressar a casa e encontrar a mulher.
Aquele sítio que deveria ser por si acarinhado, e para o qual tanto trabalhara, tornara-se negro e quase impossível de suportar, regado pelas constantes crises da parceira que, muitas vezes, não se inibia de inflamar tal como uma pequena farpa incandescente é capaz de inflamar gasolina.

Para Luís, tornara-se quase impossível voltar a confiar em Eduarda depois de tudo o que ela lhe fizera, mas bastava vê-la chorar e implorar para que tudo regressasse ao mesmo para que ousasse esquecer o coração que lhe fora magoado por várias e repetidas vezes, independentemente das acusações e dos boatos espalhados.

Luís, no entanto, acredita que é uma vítima. Que, desde que nasceu, todas as suas escolhas acabam por fazer dele uma vítima.

Luís acredita que é bom demais e que é demasiado paciente. Até porque se não fosse paciente, não decidiria passar uma linda tarde de sol no cantinho do café a ver a vida passar-lhe ao lado... tentando ganhar coragem para tomar as rédeas da sua própria vida, insistindo em pensar que é vítima em vez de considerar a ideia de que é apenas conformado.


segunda-feira, 6 de agosto de 2018

As pocilgas dos outros

Era uma vez um secretário de "Estado" famoso pelas suas excentricidades fora de horas e dentro das quatro paredes do seu gabinete, um grande amigo de padres, da sua religião e de empresários da mais alta índole.

Os relatos estranhos acerca desta personalidade são deveras comuns, para os conhecer basta falar com qualquer pessoa que já tenha ouvido falar naquele nome sem que esta esteja necessariamente ligada à administração ou a cargos do foro público. No entanto, quanto mais dentro dos tachos mais detalhados e sumarentos são esses relatos...

Depois de abandonar os cargos públicos, digna-se a gerir uma empresa com significativo relevo na área da comunicação social, dignando-se a não pagar mais do que o ordenado mínimo aos seus funcionários (jornalistas inclusive), arredondando por baixo (aliás, anulando, melhor dizendo) tudo o que seja subsídio, seja de alimentação, de férias ou de natal.

Agora lembrou-se também de estar envolvido num escândalo de maior dimensão, mas nem pensar em falar-se numa coisa dessas...

Ah, então e a outra que se gaba de ter uma filha mega inteligente mas que vai apresentar uma tese de mestrado que não foi escrita por ela?!
Numa só palavra: LOL.

É tão triste quando damos por nós a chafurdar nas pocilgas que não são nossas por não termos outro remédio. Entramos de olhos vendados, sem saber o que nos espera e, no fim, sai-nos isto.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

He's got a cat

Nós, bloggers de meia tigela, somos sempre a mesma coisa.

Dizemos que voltámos, reestruturamos a página, apagamos posts e ainda nos damos ao trabalho de escrever o nosso anúncio de regresso... e depois não postamos durante 15 dias, um mês... um ano... mas quem está a contar?!

Tanta coisa mudou desde a última vez em que vos escrevi... há cerca de um ano, melhor dizendo.

Já estou a trabalhar, por exemplo. É uma coisa meio-precária/precária-e-meia, mas pelo menos é na minha área... que, para quem não sabe, é jornalismo. Ou uma espécie disso!
Por outro lado, continuo nos Açores e penso que não estão escritas no meu mapa astral grandes mudanças nesse sentido.

Continuo a morar com os meus avós mas entretanto o meu pai saiu daqui de casa. Saiu com a esperança de viver um mega romance que na realidade só o deixou depenado e com dívidas por pagar... E imaginem só que o homem agora terá que aprender a fazer uma ou outra comida, ou até a sacudir a roupa depois de a tirar da máquina de lavar depois de perceber que usou demasiado detergente. Lol.

Ah! Mas ele tem um gato, por isso não estou preocupada :P

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Hoje tive saudades...

... disto.

Calhou-me ler alguns dos meus posts antigos (que estão agora direccionados para outro url) e percebi as saudades que tinha de escrever para vocês (ou para ninguém, depende).

Apesar de neste momento ganhar a vida a escrever, percebo que é um tipo de escrita demasiado formatada onde não há espaço para grande criatividade na maior parte do tempo.

Muita coisa mudou desde a última vez que utilizei esta plataforma. Mas se há algo que eu não consigo mudar é o nome deste cantinho. Juro que tentei encontrar outro nome para dar continuidade a este "projecto" mas é este o nome que mais me cativa aqui.

São coisas sem (in)significância... Coisas que têm um tom mais sério (nem que seja para mim e para o meu umbigo) e outras que de facto não têm importância nenhuma mas que cá param na mesma...


C'est la vie

(e até breve)